Cioran, um aventureiro imóvel

Título: Cioran, um aventureiro imóvel: 30 entrevistas
Autor: Ciprian Vălcan
Tradução, prefácio, notas e cronologia: Rodrigo Inácio R. Sá Menezes
210 páginas
Ano: 2023
ISBN: 978-65-85286-00-8

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Descrição

Cioran, um aventureiro imóvel reúne 30 entrevistas ou conversações sobre a obra desse que se declarou um “secretário das suas sensações”, um “pensador orgânico” para quem a vida – “essa grande Desconhecida” – sempre foi a matéria-prima da reflexão filosófica e da criação literária. São intercâmbios “cioranianos”, diálogos filosóficos e literários mantidos por Ciprian Vălcan ao longo de anos, no melhor espírito cosmopolita. São apresentadas aqui 30 vozes, algumas consonantes, outras dissonantes, 30 logoi que giram em torno de um interesse (e uma paixão) em comum: o filósofo, o pensador, o escritor, o caso, o enigma, o paradoxo ambulante, o compatriota expatriado, o ilustre estrangeiro, o amigo, o homem de carne e osso que nasceu em Răşinari, em 1911, e faleceu em Paris, em 1995 – Cioran.

Os entrevistados de Ciprian Vălcan são intelectuais dos mais diversos backgrounds, personalidades proeminentes nas suas respectivas áreas, algumas das quais célebres nos seus países por conta das contribuições que fizeram às suas culturas. São biógrafos, tradutores, editores, professoras universitárias e pesquisadores das mais variadas especializações, escritores, poetas, amigos ou leitoras que se corresponderam com Cioran, e que tiveram, eventualmente, o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, na sua mítica mansarda na Rue L’Odéon, 21, em Paris.

Vălcan recolhe impressões, insights, memórias, anedotas, críticas e interpretações as mais variadas – às vezes inusitadas. Como um detetive cioranesco, formula um punhado de perguntas-chave e justapõe uma série de depoimentos que – pela dialética entre consonância e dissonância, convergência e divergência – engendram uma imagem paradoxal, o perfil de um autor sem um perfil definido, a identidade de um homem sem identidade (“um estrangeiro para a polícia, para Deus, para mim mesmo”).

Os 30 pontos de vistas sobre Cioran compilados aqui são iluminadores em si mesmos e pela constelação hermenêutica que formam em conjunto, confirmando a observação de Marta Petreu de que “os grandes autores guardam uma riqueza escondida que só a complementaridade das interpretações traz à luz.” A biógrafa resume bem a que se propõe este livro de Vălcan: dar uma visão geral, por aproximações e variações de perspectiva, uma espécie de “retrato falado”, esboçado polifonicamente por um coro de 30 vozes, do autor de livros como Nos cumes do desespero, Breviário de decomposição e Silogismos da amargura.

Cioran, um aventureiro imóvel dá a conhecer uma ampla e heterogênea rede internacional de “cioranólogos” e “cioranólogas” (para empregar um termo de Marta Petreu). São intelectuais de países como França (6), Romênia (4), Itália (4), Brasil (4), Hungria (1), Espanha (1), Portugal (1), Holanda (1), Grécia (1), Colômbia (1), Tunísia (1), Israel (1), Canadá (1) e Polônia (1).

Esta edição de Cioran, un aventurier nemişcat, pela primeira vez em língua portuguesa, vem com notas de rodapé elucidativas, sempre que necessárias a título de contextualização (sobretudo de personalidades da cultura romena e de certos termos da língua romena), além de notas com as referências completas de aforismos e passagens da obra de Cioran citados pelos 30 entrevistados. Ao final, a leitora encontrará uma cronologia da vida de Cioran, seguida de um índice bibliográfico.

ÍNDICE:

  1. “Cioran era um dândi intelectual”: Patrice Bollon (França)
  2. Cioran, budismo e filosofia ocidental: Paulo Borges (Portugal)
  3. “Pessoa é o irmão português de Cioran”: José Thomaz Brum (Brasil)
  4. “Cioran parte de onde Nietzsche parou”: Massimo Carloni (Itália)
  5. “Pelo estilo e desafios do seu pensamento, Cioran é único no século 20”: Nicolas Cavaillès (França)
  6. “Cioran era um sedentário sem pátria intelectual, um aventureiro imóvel”: Livius Ciocârlie (Romênia)
  7. Um heroísmo às avessas”: Sylvain David (Canadá)
  8. “Se há um gesto nietzschiano em Cioran, é o de destruir as suas próprias tendências nietzschianas”: Aurélien Demars (França)
  9. “Cioran é um profundo contemplativo e um dos mais importantes filósofos do século 20”: Antonio di Gennaro (Itália)
  10. Cioran e a tradição do pessimismo: Joshua Foa Dienstag (EUA)
  11. “Cioran ainda está para ser descoberto”: Philip Dracodaïdis (Grécia)
  12. “Cioran é o mais ‘monografado’ dos escritores”: Farkas Jenő (Hungria)
  13. “Cioran é muito distinto dos seus contemporâneos”: Michael Finkenthal (Israel)
  14. Cioran, Bach, Gombrowicz: Aleksandra Gruzinska (Polônia)
  15. “A minha filha Alma, de um ano, será leitora de Cioran”: Aymen Hacen (Tunísia)
  16. O voluptuoso, o insolúvel: Liliana Herrera (Colômbia)
  17. “Cioran, esse vândalo dos Cárpatos”: Roland Jaccard (França)
  18. “Cioran é o grande mestre das ‘verdades amargas’ da existência”: Ireneusz Kania (Polônia)
  19. “O que me atrai em Cioran é a originalidade, a coragem, a provocação, a tonicidade, a poesia, a ruptura da metáfora fossilizada”: Fernando Klabin (Brasil)
  20. “Cioran representa uma tradição segundo a qual pensar e escrever são inseparáveis”: Jacques Le Rider (França)
  21. “Cioran dominava a arte de divertir o leitor”: Ger Leppers (Holanda)
  22. “Amo a música de Cioran, sou apaixonado pela sua poesia, viva como o fogo, forte e corrosiva no bom sentido do termo”: Marco Lucchesi (Brasil)
  23. “Cioran é um carrasco de ilusões”: Joan M. Marín (Espanha)
  24. “O meu Cioran é o ‘caso’, o apaixonado por tudo o que é loucura, heresia, mística, extravio, dilaceração, fracasso, estilhaçamento, aporia, nada”: Dan C. Mihăilescu (Romênia)
  25. “Cioran atinge o leitor na cabeça exatamente como um grande poeta”: Marta Petreu (Romênia)
  26. “Por que Cioran dura? Porque resiste às interpretações e porque não se dirige a todos, mas a cada um”: Vincent Piednoir (França)
  27. “Cioran se aproxima de filosofias antigas, como o cinismo, que propunham uma abordagem terapêutica em vez de teorias”: Flamarion Caldeira Ramos (Brasil)
  28. “Leopardi e Cioran pertencem à mesma família espiritual. Ambos praticavam uma espécie de ‘ultrafilosofia’, uma forma de lucidez provocada pelo fim de todas as filosofias”: Mario Andrea Rigoni (Itália)
  29. “Sem a possibilidade soberana do suicídio, a vida seria insuportável”: Giovanni Rotiroti (Itália)
  30. Arqueologia da palavra melancólica: Constantin Zaharia (Romênia)

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